Nova classe média: Quem são? No que investem? Como podem ser conquistados?

Nenhum comentário

Crescimento da nova classe média significa um aumento no consumo de diversos produtos, gerando mais oportunidades de venda para as empresas.


Nos últimos anos, a classe média brasileira vem registrando significativo crescimento. Segundo um levantamento feito pela "Serasa Experian", 54% dos brasileiros, ou seja 108 milhões de pessoas, formam "classe C", pessoas que possuem renda mensal per capita entre R$ 320 e R$ 1.120, a estimativa é que essa parcela suba para 58% até 2023, chegando a 125 milhões de pessoas e sendo responsável por 40% do PIB. Só em 2013 a "classe C" injetou R$ 1,17 trilhão na economia nacional. Sendo dominante do ponto de vista eleitoral e econômico, em 2009 já detinha 46,24% do poder de compra, superando as classes A e B que respondem por 44,12%. Além disso, a maioria dos novos empreendedores brasileiros pertencem a classe emergente.

Com esses dados, percebe-se que os integrantes da nova classe média são hoje os maiores consumidores brasileiros, a maioria desses não deseja ter um estilo de vida elitizado, dando preferência por produtos que valorizem suas origens. De acordo com a pesquisa de Jessé de Souza, o valor básico da nova classe média é a transmissão familiar da importância do trabalho duro e continuado, mesmo em condições sociais muito adversas. De modo geral, a nova classe média é oriunda de famílias estruturadas, com a incorporação de papéis familiares tradicionais. 

Com sua ascensão, esse grupo modificou seus hábitos de consumo, hoje os principais focos são: educação, beleza, entretenimento, veículos, imóveis, turismo, etc. As empresas que quiserem aproveitar essa oportunidade de expansão têm que passar por modificações organizacionais para atrair esse público. Um exemplo é a proliferação dos "shoppings centers", que antigamente se localizavam apenas em bairros nobres das grandes metrópoles, e hoje é cada vez maior o número de shoppings instalados nas periferias dos grandes centros urbanos, ou em cidades de médio porte, como é o caso de Sobral. 

Esse avanço social é resultante de vários fatores, como estabilização dos preços as mudanças demográficas, da educação ao mercado de trabalho. Os jovens pertencentes a classe C, são mais educados e conectados, sendo os formadores de opinião nas famílias e nas comunidades atualmente. 68% deles já possuem mais anos de estudo do que seus pais, para eles, qualificar-se através de cursos técnicos, superiores, pós graduações é a oportunidade para ampliar seus horizontes. Um dos principais investimentos desses consumidores é a educação, a ascensão dessa classe aumentou o potencial de mercado para as escolas particulares, em 2009, foram R$ 15,7 bilhões em consumo somente na área da educação. O diploma de Ensino Superior e a pós-graduação tornaram-se mais importantes do que qualquer outro produto disponível no mercado.

O ramo da beleza foi um dos que mais cresceram com esse fenômeno, estima-se que pelo menos 60% das mulheres que vão aos salões de beleza são da classe emergente. O número de salões de beleza no país aumentou 78% em cinco anos, de 309 mil, em 2005, para 550 mil, em 2010, segundo dados da Associação Nacional do Comércio de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza (Anabel). De acordo com uma pesquisa feita pela organização da Feira Internacional de Cosméticos e Beleza, "Beautiful Fair", atualmente cada brasileira gasta cerca de R$ 140,00 por mês em produtos de embelezamento, em 2010 o gasto total das brasileiras com embelezamento chegou a R$ 43,4 bilhões. Segundo o SEBRAE, os salões de belezas e as academias estão em busca de inovação para atrair a nova classe média. 

Um fator que chama atenção é a preferência desses consumidores pelo "dinheiro de plástico" como meio de pagamento. Segundo pesquisa do Instituto Data Folha, 69% dos integrantes da classe C possuem algum tipo de cartão, enquanto que 66% possuem contas bancárias. Esse público foi atraído devido a facilidade para se fazer os cartões nas lojas. As pessoas se sentiram mais livres e seguras para contrair crédito sem precisar ir ao banco.

Além disso, a nova classe média, sobretudo os jovens, são muito presentes na web, 80% dos emergentes possuem acesso à internet, o que democratizou a informação. Com isso o consumidor pode escolher e comparar preços e produtos. Esses internautas passam em média quase duas horas por dia online, possuindo força no varejo digital, estima-se que movimentem cerca de R$ 300 bilhões na rede por ano. Livros, eletrodomésticos, informática e celulares são os produtos mais consumidos pela internet. Além das compras online, as mídias virtuais se transformaram em formas de ligação entre os consumidores emergentes e as empresas. Transmitir uma boa imagem para a classe C na rede, pode garantir novos clientes. Em meados da década passada questionava-se a presença dos emergentes na internet, hoje, é praticamente impossível fazer qualquer plano de comércio sem pensar nessa classe. 

Essa ascensão social que está acontecendo no Brasil nas duas últimas décadas, sem dúvidas trouxe consigo grandes oportunidades para todos os tipos de empreendedor. O aumento da renda de boa parte da população brasileira, fez com que esta procurasse mais comodidade e conforto, com isso diversos setores do mercado puderam expandir seu público. Elaborar estratégias para conquistar os emergentes, não é tarefa fácil, pois é um público diferente dos de Classe A e B, com outros gostos e muitas vezes diferentes valores. A classe C, principalmente os jovens, são menos conservadores, estão em busca de mudanças, novidades, por isso, as empresas que desejarem conquista-la têm que investir bastante em inovação. A nova classe média não é exceção, não é um segmento de mercado pouco explorado, é a realidade brasileira.

Por: Messias Elmiro


Nenhum comentário :

Postar um comentário