Novo banco de desenvolvimento e os desafios dos BRICS
Nessa semana chefes de Estado de países apontados como futuras potências mundiais, o grupo chamado "BRICS", se reuniram nas cidades de Fortaleza e Brasília e assinaram um tratado para a criação de um banco de desenvolvimento entre os cinco países.
Em 2001, o economista inglês Jim O'Neill usou pela primeira vez o acrônimo "BRIC", para designar quatro países que na época apresentavam um rápido crescimento econômico e forte influência no mercado mundial, que eram: Brasil, Rússia, Índia e China, mais tarde a África do Sul foi incluída, e a sigla passou a ser "BRICS".
Desde então, esses países passaram a se reunir em cúpulas, a primeira aconteceu em 16 de junho de 2009, na cidade de Ecaterimburgo na Rússia. A mais recente dessas, ocorreu na última terça-feira em Fortaleza, com a presença dos chefes de estado: Dilma Rousseff (Brasil), Vladimir Putin (Rússia), Narendra Modi (Índia), Xi Jinping (China) e Jacob Zuma (África do Sul). Foi marcada pela criação do "Novo Banco de Desenvolvimento" (NBD), que visa ser um alternativa a hegemonia dos países ricos, promovendo uma maior cooperação financeira e de desenvolvimento entre os cinco mercados sócios e financiando obras de infra-estrutura em países pobres e emergentes.
A instituição deve começar a funcionar em 2016, com sede em Xangai, na China. A presidência do banco será rotativa entre os membros, e a Índia será o primeiro país a presidi-lo, enquanto o Brasil poderá indicar o presidente do conselho de administração do banco e a África do Sul sediará um Centro Regional Africano. Mas o que essa instituição pode significar para a geopolítica global ?
Durante a cúpula, a presidente Dilma Rousseff disse que o banco "representa uma alternativa para as necessidades de financiamento de infraestrutura nos países em desenvolvimento, compreendendo e compensando a insuficiência de crédito das principais instituições financeiras internacionais".
Contudo, a algum tempo já se via uma insatisfação dessas nações com a estrutura de governança do Banco Mundial, querendo que essa seja mais democrática, além de fortalecer sua capacidade financeira e ampliar financiamentos para a difusão de conhecimento. Os membros dos BRICS reivindicam mais voz tanto no Fundo Monetário Internacional (FMI), órgão que é tradicionalmente presidido pelos europeus, quanto no Banco Mundial.
A criação desse novo banco de desenvolvimento, pode ser uma alternativa as essas grandes instituições financeiras. Com o tempo outros países em desenvolvimento como Nigéria, México, Colômbia, Indonésia, entre outros, podem manifestar interesse em participação dessa nova instituição. Ou seja, o banco tem tudo para se transformar em umas das maiores instituições financeiras do mundo.
Desafios dos BRICS
Mesmo sendo apontados como futuras potenciais, os BRICS continuam apresentando problemas de países subdesenvolvidos, segue abaixo os prós e os contras de cada país em sua luta para ingressar no primeiro mundo:
China
Tem a segunda maior economia do planeta, espera-se que o país supere os Estados Unidos e em breve se torne o líder mundial. Além disso, é rica em recursos naturais, possui mais de dois milhões de professores, detêm um dos maiores exércitos do mundo e ainda tem o turismo como forte atividade econômica. Por fim, a China ainda exerce uma forte influência na economia global e tem um altíssimo poder bélico.
Entretanto, o país possui diversos fatores que atrapalham seu desenvolvimento. A corrupção é o principal deles, com o sistema de mercado livre esta se espalhou e fez a desigualdade social chinesa subir. O alto desemprego e a renda interna abaixo do nível mundial, são outros fatores sociais que atrapalham o país. Além disso, os graves problemas ambientais e a falta de liberdade política são obstáculos ao desenvolvimento chinês.
Índia
É considerada uma grande potencial devido sua grande população e área territorial, além de possuir setores econômicos e militares e expansão. Os indianos também possuem tradição em ciências exatas, e têm investido cada vez mais em profissionalização e tecnologia.
Mas, a Índia continua enfrentado graves problemas sociais, como a desigualdade e o desemprego. Além de corrupção, problemas ambientais, racismo, conflitos religiosos, etc. Que impedem o país de ser uma superpotência.
Herdeira maior da antiga União Soviética, que no século XX era considerada uma superpotência. A Rússia voltou a crescer e sonha em reconquistar o status de superpotência global. O país possui o mais extenso território do mundo e riquíssimos em recursos naturais, como Ouro, Zinco, Manganês, Cobre, Petróleo, Carvão, etc.
Entretanto, possui uma população envelhecida e é cada vez mais dependente de importações de petróleo. Além disso, a recente crise na Crimeia fez a Rússia sofrer sanções econômicas de outros países, prejudicando seu crescimento.
África do Sul
Foi por anos a maior economia africana, a África do Sul tem a maior parte do poder econômico e militar no sul da África. Sua economia esteve crescendo acima da média africana durante a década passada. Além de possuir um dos subsolos mais ricos do mundo.
Entretanto a economia sul africana foi superada pela Nigéria, não sendo mais a maior do continente. Além disso, o país continua apresentando problemas sociais que o impedem de se firmar como superpotência. Há quem diga que esse país não devia estar entre os BRICS.
Brasil
Visto com status de líder na América do Sul, deixando muito atrás concorrentes como Argentina e Chile. É a sétima maior economia do mundo, quinta maior população, quinta maior área territorial, maior detentor de bacias de água doce, possui a nona maior reserva de petróleo, sexta maior de urânio, empresas de abrangência mundial, maior potência militar da América Latina, uma das maiores diversidades culturas do planeta e registrou alto crescimento no início do século XXI.
Mas, há vários fatores que podem impedir o crescimento brasileiro como burocracia e tributação elevadas. O país tem problemas com a baixa qualidade da educação, infraestrutura não satisfatória, diferenças regionais acentuadas e concentração de renda semelhante a de países africanos. Corrupção política e a violência são muito grandes, exigindo políticas mais eficazes no campo social, que ainda não foram implementadas. Além disso, a economia do país desacelerou, não apresentando mais os números alcançados nos anos 2000.
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